terça-feira, 23 de junho de 2009

O repórter Flávio Luz esteve na escola de samba Vai Vai para registrar o incrível trabalho realizado no local, com meninos carentes da comunidade. Confira no vídeo abaixo momentos das aulas de percussão semanais, ministradas pelo músico e ator Bocão:

Imagens: Caroline Zeine

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Música e Cidadania

Já é de conhecimento geral o valor da música como agente transformador de ânimos e situações. Basta lembrar do famoso chavão “quem canta os males espanta”, porém, são poucos os que associam a música com seu poder de transformar a sociedade, conferindo valores e dignidade à jovens carentes, que através de sons e danças tornam-se efetivamente cidadãos, integrados à comunidade.

Por meio das entrevistas realizadas com os profissionais das Instituições citadas, percebe-se que estes são movidos pela certeza de que estão fazendo algo pelo Brasil, país carente em atividades culturais. Quando questionados sobre qual o significado de desenvolver um projeto cultural num país que monopoliza a cultura do espetáculo,
José de Oliveira Santos, professor de História e educador popular, diz"o significado da realização dos projetos culturais é combater a tentativa de empobrecimento ético e estético que a industria cultural nos impõe". E Murilo Alves, do Projeto Ciranda, finaliza: “significa (...) preencher a lacuna deixada por uma política cultural que fornece o efêmero a uma comunidade e que não se preocupa em desenvolver nesta comunidade a mínima possibilidade de desenvolvimento pleno”.

É com o intuito de apresentar este aspecto da música, que corresponde à missão de instituições como Projeto Ciranda, de Mato Grosso,
Casas Taiguara, Escola de Samba Vai-Vai e Meninos do Morumbi, todas de São Paulo, que teve realização essa reportagem. Afinal, esse não é o tipo de assunto que ocupa lugar nas discussões cotidianas.
Por Caroline Zeine, Flávio Luz, Priscila Ramires e Stefanie Francine

Conheça o professor José de Oliveira Santos

José de Oliveira Santos é professor de História e Educador Popular. Com 20 anos de experiência no trabalho com comunidade, mais conhecido como Zezito, iniciou a sua participação social, ainda adolescente, no Rio de Janeiro. quando participou de grupos de jovens e CEBs. No Estado de Sergipe participou da fundação da Associação dos Moradores do Bairro América (AMABA) e do Centro Sergipano de Educação Popular. Durante o período que esteve na AMABA coordenou o Projeto Reculturarte, que foi financiado durante seis anos pela agência de cooperação Visão Mundial e que se constituiu na primeira ação cultural permanente de uma entidade ligada ao movimento social. No período de 2001 até 2006, assessorou de forma voluntária o Projeto Ecarte ( Estatuto da Criança e do Adolescente com Arte) na área pedagógica e de gestão, Fez/faz formação em danças circulares. É um dos fundadores e foi diretor-presidente da ONG Ação Cultural (2004-2007). Atualmente é diretor do Complexo Cultural "O Gonzagão", equipamento cultural pertencente a Secretaria da Cultura do Estado de Sergipe (http://acaoculturalse.blogspot.com/)

Faltam incentivos fiscais no país, acredita Renee Amorim

Existe no País hoje a falta de incentivos à mobilização em prol de crianças e jovens carentes,o que pode ser comprovado pela quantidade de procedimentos burocráticos nesse âmbito. De maneira contrária ao que se passa em nosso país, onde não existe abatimento nos impostos de quem faz doações, nos Estados Unidos as doações têm 100% de abatimento nos impostos. Renee Amorim, coordenador de projetos das Casas Taiguara, acredita na disponibilização de incentivos fiscais como um fator de aproximação entre investidores, cultura e o público final, neste caso crianças e adolescentes.

De acordo com Amorim, as leis de incentivo para projetos culturais no Brasil avançaram muito. Ainda segundo ele, existe uma melhora no incentivo fiscal no sentido do governo abrir mão de parte do imposto de renda para que os contribuintes possam direcionar seu dinheiro para projetos culturais; já no caso de projetos sociais que envolvem projetos culturais, como as Casas Taiguara, a legislação ainda precisa amadurecer, pois existem poucos caminhos.

“O FUNCAD (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) só em 2008 arrecadou mais do que a soma de todos os anos anteriores, isso demonstra que há pessoas doando. Existe sim, a falta de outros meios para doações e de um sistema mais fácil que facilite o processo”, finaliza.


Por Priscila Ramires e Caroline Zeine

Professor Zezito escreve mensagem emocionante sobre a importância dos trabalhos beneficentes

Quem dera pudesse todo homem e (todas as mulheres) compreender oh! Mãe, Quem dera! Que o mundo precisa de gente que sejam as mãos, os pés, os olhos e o coração feminino de Deus que sofre por causa de tanto egoísmo, cobiça e ódio, fonte de tanta dor e sofrimento e que poderá tornar irreversível a existência das obra de arte de Deus - a terra, o ser humano e as outras espécies com as quais compartilhamos o planeta.
Que entendamos, o começo da solução está em nós e o começo passa pelo nosso coração, mas para isso necessitamos ser alimentados e produzirmos obras de arte que nos transmitam este amor maternal de Deus e o desejo dele de recriarmos o paraíso agora e refazermos o mundo como um jardim de mil delicias.
Quem dera pudesse todo homem e (todas as mulheres) compreender oh! Mãe, Quem dera!
Que para vermos Deus face a face a solução está em nos tornarmos cada vez mais humanos, porque foi a lição mais importante que seu filho Jesus nos legou, quando afirmou que ao dar de comer e de beber a quem tem fome é a Jesus Cristo que estamos saciando. Quando cuidarmos dos doentes e das crianças e dele que estamos cuidando. Quando visitarmos os presos é a Jesus Cristo que estamos visitando.
Que mais homens e mulheres possam encontrar Deus através do serviço do atendimento das necessidades humanas de todas as criaturas, como fez Jesus Cristo ao operar milagres, considerando que as carências humanas não são apenas de ordem material e aqueles que tem mais tempo, bens materiais, conhecimento ás vezes precisam de afeto, carinho, atenção e estas necessidades são satisfeitas ao abrirem mão de uma parte do seu tempo, dos seus bens materiais e dos seus conhecimentos.
Um dia vivi a ilusão que o mito do progresso material, às vezes manipulando o nome de Deus, tudo me daria. Também vivi a ilusão que somente a explicação racional e cientifica do mundo é suficiente para dar conta de tantos segredos e mistérios escondidos dentro do meu ser e no universo.
O Deus que habita em mim, cumprimenta o Deus que está em você, não importa em qual nome você o cultua, não importa nem mesmo se você tem fé, se demonstrares em ações o seu amor pela humanidade, pelos seres vivos e pelo planeta, Deus habita em você e eu os reconheço através de suas atitudes “humanas”, para mim e para Deus é o que faz sentido.
Ao escrever este texto, lembrei-me das seguintes obras de arte: Guernica de Picasso, Super-Homem de Gilberto Gil, Sol de Primavera de Beto Guedes, Canção de Hiroshima de Vinicius de Moraes e Cântico dos Cânticos e Evangelhos

Instituição usa a música para resgatar a cidadania

A Casa Taiguara de Cultura oferece uma série de oficinas musicais para as crianças e adolescentes atendidas pelas Casas Taiguara. Além dos jovens que residem na instituição, a partir do próximo dia 15, as crianças do bairro da Bela Vista (onde está localizada a Casa), também poderão fazer as aulas, independente de residirem ou não em algum dos abrigos da instituição.
No leque de opções, estão aulas de percussão nordestina, Hip Hop, violão, cavaquinho e discotecagem.

Segundo Renee Amorim, coordenador de projetos da Casa Taiguara de Cultura, o principal motivo da existência destes cursos é poder “disponibilizar novas vivências, contribuir com a formação de cada um, e muitas vezes despertar uma consciência maior de vida”. E continua: “É importante destacar que as novas vivências, os vínculos com os professores, com a instituição, ou com outros colegas, fazem parte do ensinamento. Muitas vezes eles chegam sem esperanças, sem sonhos, e nós temos a preocupação de inseri-los novamente na sociedade, e fazê-los perceber que existe alguém que realmente se preocupa com eles”.

Por Priscila Ramires e Caroline Zeine


Música é estímulo para desenvolvimento de jovens, acredita Murilo Alves

Murilo Alves, coordenador pedagógico do Projeto Ciranda, fala sobre o aspecto institucional do trabalho de inclusão pela música e enumera os desafios que os profissionais enfrentam. Empenhados em garantir uma ocupação para as crianças e até mesmo ajudá-las a descobrir suas vocações, já que segundo Alves muitas delas se tornam artistas, os profissionais do Projeto Ciranda geram resultados, fruto do trabalho intenso e apaixonado de profissionais que amam suas causas.
Veja abaixo trechos da entrevista realizada com o coordenador pedagógico do Projeto Ciranda:

Quais mudanças são observadas após o trabalho sistemático com música?

R: A atividade musical traz consigo uma série de possibilidades de estímulo ao desenvolvimento do aluno, isso ao longo do período de aprendizado é transmitido ao mesmo,de modo que temos observado jovens se desenvolverem enquanto artistas e de modo geral como pessoas melhores, mais conscientes de sua atuação no mundo. Isso é difícil de ser medido, não desenvolvemos ferramentas pra isso, entretanto os resultados do projeto aliado ao entusiasmo dos pais é um bom indicativo de que trilhamos um caminho seguro.

A idéia da integração através da música é um projeto social ou tem vista à formação profissional dos jovens?
R: Buscamos unir as duas possibilidades, o aluno tem a iniciação através de classes de ensino coletivo (sopro, percussão e cordas) e no segundo ano, dependendo de seu desenvolvimento, passa a ter aulas individuais. A partir do momento que detectamos o interesse do aluno em profissionalizar-se, procuramos dar as condições necessárias.

Qual o perfil dos profissionais que trabalham nos projetos?
R:De modo geral procuramos identificar profissionais que buscam um espaço para desenvolver seus projetos, não apenas pessoas que serão um funcionário do projeto. Em especial no primeiro ano de curso (ensino coletivo) trabalhamos com educadores musicais com graduação em licenciatura em música.


Qual o maior desafio para um profissional que produz trabalhos sistemáticos, como o senhor faz, com crianças e jovens carentes?
R:Na parte de gestão é buscar soluções para questões ligadas à sustentabilidade.
Na parte do ensino é buscar desenvolver ferramentas e metodologias que propiciem uma apresentação significativa do teor música para os alunos, independente da idade “musical” de cada um. Se este objetivo é alcançado inúmeras possibilidades estarão agregadas.
Por Flávio Luz e Caroline Zeine